América Latina em reconfiguração: A vitória de Milei e o efeito Trump
Neste domingo, 26 de outubro de 2025, a Argentina deu um passo decisivo rumo à consolidação de um projeto político ultraliberal com a vitória expressiva do partido La Libertad Avanza (LLA), liderado pelo presidente Javier Milei. Com 40,84% dos votos para a Câmara dos Deputados e 42,91% para o Senado, o partido governista superou amplamente a oposição peronista, garantindo 64 cadeiras na Câmara e 13 no Senado.
A conquista de redutos históricos como Buenos Aires marca não apenas uma virada interna, mas um sinal claro de que a América Latina está em plena reconfiguração ideológica.
Argentina: Entre o Choque e a Consolidação
A vitória de Milei representa mais do que um avanço legislativo. É a legitimação popular de um projeto que propõe a dolarização da economia, o desmonte de estruturas estatais e uma ruptura com o modelo social peronista que moldou a Argentina por décadas.
O apoio financeiro de US$ 20 bilhões dos Estados Unidos, articulado diretamente com o presidente Donald Trump, foi decisivo para sustentar a moeda local e garantir fôlego político ao governo argentino.
A baixa participação eleitoral — apenas 66% dos eleitores compareceram às urnas — revela, no entanto, uma sociedade dividida entre a esperança de mudança e o cansaço político. Milei, com seu estilo provocador e discurso de ruptura, canalizou esse sentimento e transformou apatia em capital político.
América Latina: A Nova Cartografia do Poder
A vitória de Milei não é um fenômeno isolado. Ela se insere em uma tendência regional de ascensão de lideranças oposicionistas com discursos de ruptura, como apontam análises recentes. A chamada “onda rosa” — que indicava uma guinada à esquerda na América Latina — parece dar lugar a uma nova maré de líderes que se alinham com o projeto trumpista de uma América mais liberal, nacionalista e antissistema.
Javier Milei – Presidente da Argentina.
Com a derrota de Jair Bolsonaro no Brasil e seu enfraquecimento político frente ao Supremo Tribunal Federal, Trump perdeu um aliado estratégico no maior país da região. Mas encontrou em Milei um substituto ideológico à altura. Ambos compartilham uma retórica agressiva contra o “establishment”, a defesa de reformas radicais e o uso da política como espetáculo. O lema “Argentina Grande Outra Vez”, inspirado diretamente no “Make America Great Again”, é mais do que simbólico.
Geopolítica: A Sulamérica sob Influência Direta
A aliança entre Trump e Milei pode redesenhar os eixos de influência na América do Sul. Com apoio financeiro e político dos Estados Unidos, a Argentina se torna um laboratório de políticas ultraliberais que podem inspirar outros países da região. A possibilidade de acordos bilaterais, como o livre comércio e cooperação militar, já está sendo discutida.
Essa nova configuração desafia blocos tradicionais como o Mercosul, que se vê pressionado por agendas divergentes. A América Latina, historicamente marcada por ciclos pendulares entre esquerda e direita, parece agora entrar em uma fase de polarização ideológica mais profunda, com impactos diretos na integração regional, nas políticas migratórias e nas relações com potências como China e Rússia.
A vitória de Milei é um marco. Não apenas para a Argentina, mas para toda a América Latina. Ela sinaliza que o continente está aberto a novas narrativas — mesmo que radicais — e que os ventos do norte, sob a liderança de Trump, continuam soprando forte sobre o sul. O desafio agora será equilibrar reformas com estabilidade, ruptura com governabilidade, e ideologia com pragmatismo. Porque o que está em jogo não é apenas um país, mas o futuro de um bloco inteiro.
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