Trump diz estar e mau humor e manterá 50% para o Brasil e ameaça 30% para UE
Durante entrevista concedida neste domingo (27) na Austrália, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a adotar um tom combativo em relação a parceiros comerciais estratégicos. Visivelmente irritado, Trump confirmou que manterá a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros e ameaçou aplicar 30% de sobretaxa à União Europeia, caso não haja abertura de mercados para exportações norte-americanas.
A declaração foi reforçada pelo secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, que afirmou que as tarifas entrarão em vigor já no dia 1º de agosto, sem prorrogações ou períodos de carência. “Sem prorrogações, sem mais períodos de carência — em 1º de agosto, as tarifas serão definidas. Elas entrarão em vigor. A Alfândega começará a arrecadar o dinheiro”, disse Lutnick em entrevista à Fox News.
Brasil na mira
O Brasil foi diretamente citado por Trump em uma carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva no início de julho. Nela, o líder norte-americano justificou a tarifa de 50% com base em alegações políticas e comerciais. Segundo Trump, o Brasil teria violado princípios democráticos e de liberdade de expressão, referindo-se às decisões do Supremo Tribunal Federal que impuseram restrições a plataformas de mídia social dos EUA.
Além disso, Trump mencionou o ex-presidente Jair Bolsonaro, classificando-o como vítima de uma “caça às bruxas”, e afirmou que a relação comercial entre os dois países é “injusta e não recíproca”. No entanto, dados do Ministério do Desenvolvimento brasileiro mostram que os EUA têm registrado superávits comerciais com o Brasil desde 2009, acumulando mais de US$ 88 bilhões em saldo positivo.
União Europeia sob pressão
A União Europeia também foi alvo das críticas de Trump. O presidente norte-americano condicionou a retirada das tarifas de 30% à abertura dos mercados europeus para produtos dos EUA. “Se quiserem negociar, estou sempre disposto a ouvir. Mas se vão me deixar mal-humorado, vão pagar 30%”, afirmou, em tom provocativo.

Donald Trump continua a chantagear o mundo com taxas.
A medida gerou preocupação entre líderes europeus, que veem nas tarifas uma forma de pressão política e econômica. Especialistas alertam para o risco de uma nova escalada protecionista, com impactos diretos no comércio global e na estabilidade das relações internacionais.
Reações no Brasil
O presidente Lula reagiu às declarações de Trump com firmeza. Em evento realizado na Grande São Paulo, Lula afirmou que o Brasil está pronto para negociar, mas não abrirá mão da soberania nacional. “Trump, o dia que você quiser conversar, o Brasil estará preparado. Mas não vamos ceder em questões como regulação das big techs ou julgamento de golpe”, disse o presidente brasileiro.
Lula também criticou o deputado Eduardo Bolsonaro, que teria feito lobby nos EUA em favor das tarifas, em troca de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro. “Esse cara está traindo a nação”, afirmou Lula, cobrando uma resposta da Câmara dos Deputados.
Impactos e próximos passos
Com a entrada em vigor das tarifas prevista para o início de agosto, empresários brasileiros já se mobilizam para avaliar os impactos e buscar alternativas. Setores como agronegócio, siderurgia e tecnologia devem ser os mais afetados. O governo brasileiro, por sua vez, tenta articular uma resposta diplomática e comercial, inclusive junto à Organização Mundial do Comércio (OMC).
A entrevista de Trump na Austrália, marcada por declarações ríspidas e ameaças tarifárias, reacende o debate sobre o papel dos EUA no comércio internacional e a postura do presidente norte-americano diante de aliados históricos. Para o Brasil, o desafio será manter o diálogo aberto sem comprometer princípios democráticos e interesses nacionais.
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