Acordo Mercosul-UE é anunciado. Veja repercussão e impactos
Antes de tudo é preciso observar que trata-se de um acordo histórico, de impacto mundial, excelente para o Brasil. A imagem que ilustra esta matéria reflete uma realidade inegável: foi a figura do Presidente Lula que representou os interesses da América Latina e coordenou as estratégias políticas internacionais para que este acordo existisse.
Isto não pode ser confundido com a política interna do Brasil, com o governo Lula ou com partidarismos e polarizações que o Brasil apresenta neste momento.
O acordo
Os dois blocos (Mercosul e União Europeia) anunciaram nesta sexta-feira (6/12), em Montevidéu (Uruguai), que chegaram a um acordo técnico, após 25 anos de negociação. O acordo foi fechado com uma redação onde os representantes concordaram. No entanto colocá-lo em prática é agora outra etapa de negociações.
Próximos passos
Ainda faltam etapas importantes para que o tratado seja assinado e entre em vigor, como a aprovação por duas instâncias que reúnem representantes dos países da União Europeia: o Conselho de Ministros e o Parlamento Europeu, sediados em Bruxelas, capital da Bélgica.
Para entrar em vigor, o acordo ainda precisa passar pelo parlamento de todos os países da União Europeia, ter 55% dos votos da Comissão Europeia e uma representação de 65% da população dentro do comitê.
Posicionamento da França
A França é a principal opositora da ideia devido ao receio do setor agropecuário francês com a entrada maior de produtos Mercosul — Por isso tenta barrar a aprovação articulando com outras nações que têm ressalvas ao tratado, como Polônia, Itália, Países Baixos e Áustria.
O acordo prevê a redução de tarifas de importação, que pode ser imediata ou gradual (em até 15 anos), a depender dos setores. Essa liberação vai atingir 91% dos bens que o Brasil importa da União Europeia e, do outro lado, 95% dos bens que o bloco europeu importa do Brasil.
Impactos no Brasil
Caso entre em vigor, o acordo vai alavancar alguns setores brasileiros (principalmente o agronegócio) e pode prejudicar outros, mas governo e economistas têm uma visão otimista sobre o saldo desse impacto para o crescimento do país.

Presidente do governo da UE (União Europeia), Ursula von der Leyen e Presidente Lula.
Além disso, pode beneficiar o consumidor, com o potencial barateamento de produtos importados, como azeites, queijos, vinhos e frutas de clima temperado (frutas secas, peras, maçãs, pêssegos, cerejas e kiwis) — esse impacto, porém, vai ser gradual.
Um estudo divulgado no início deste ano pelo Ipea, estimou que a economia brasileira teria um aumento acumulado de 0,46% entre 2024 e 2040, o equivalente a US$ 9,3 bilhões por ano, caso o acordo estivesse em vigor, refletindo o aumento das trocas comerciais e da entrada de investimentos.
Segundo o estudo do Ipea, haverá crescimento importante da importação de produtos europeus no Brasil, mas a projeção é que a maior parte vai substituir artigos que importamos de outras regiões do mundo, como China.
Com isso, a instituição projeta que o impacto geral do acordo para a balança comercial brasileira ficaria próximo do zero a zero, ao considerar os efeitos acumulados entre 2024 e 2040.
“As exportações do Brasil para a União Europeia teriam aumento da ordem de US$ 10 bilhões, compensada por reduções modestas nas vendas para os demais países do Mercosul e o resto do mundo – ou seja, um desvio pouco significativo em termos absolutos”, diz o estudo.
Milei está muito bravo
O acordo fechado foi costurado e protagonizado pelo Brasil, representando o Mercosul. Milei foi forçado a apoiar o acorno durante as convenções. Isso porque ou ele apoiaria ou a Argentina ficaria de fora. O problema de Milei não é o acordo ou a Argentina, mas o fato do Brasil estar a frente deste acordo, o que coloca nosso país, mais uma vez, à frente do Mercosul. E é claro que Milei não consegue “engolir” isso, dada sua rivalidade com o atual presidente do Brasil.
Por isso o presidente da Argentina, Javier Milei, criticou o Mercosul e disse que o bloco se tornou uma prisão para os países membros, apesar de ter sido criado com a intenção de estreitar o comércio no continente. O tom crítico ao bloco permeou o discurso do líder argentino durante a rodada de pronunciamentos feitos após o anúncio do Acordo de Parceria entre Mercosul e União Europeia nesta sexta-feira (6).
”O Mercosul, que nasceu com a ideia de aprofundar nossos laços comerciais, se converteu em uma prisão que não permite que seus países membros aproveitara suas vantagens comparativas e potencial exportador”, afirmou Milei.
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