A narrativa das taxas EUA x Brasil
Na última semana, os Estados Unidos anunciaram a redução de tarifas de importação sobre cerca de 200 produtos brasileiros. Entre eles, café, carne bovina, suco de laranja e frutas tropicais. A medida foi celebrada pelo governo brasileiro como um avanço nas negociações comerciais, mas recebeu críticas de exportadores e representantes da indústria.
O que mudou de fato
- Café brasileiro: tarifa caiu de 50% para 40%.
- Concorrentes (como Colômbia, Vietnã e Indonésia): tarifas foram zeradas, passando de 10% para 0%.
- Diferença matemática: antes, Brasil tinha 50% contra 10% da Colômbia (gap de 40 pontos). Agora, Brasil tem 40% contra 0% da Colômbia (gap também de 40 pontos).
Ou seja, matematicamente a diferença continua a mesma.
Onde entra a narrativa
Apesar da redução, o discurso predominante entre exportadores brasileiros é de insatisfação. Isso ocorre porque:
- Percepção de isolamento: o Brasil continua pagando uma tarifa alta, enquanto concorrentes agora não pagam nada.
- Competitividade relativa: mesmo com a queda de 10 pontos, o café brasileiro segue caro frente aos rivais.
- Pressão política: ao reforçar a narrativa de “piorou para o Brasil”, setores buscam manter o tema em evidência e pressionar o governo por novas negociações.
- Mercado e opinião pública: narrativas moldam expectativas e influenciam decisões de consumidores, investidores e autoridades.
Taxas impostas e suspensas pelos EUA afetam o mercado brasileiro, que constrói narrativas.
O paradoxo
Na prática, houve uma melhora para o Brasil — a tarifa caiu. Mas como os concorrentes ganharam uma vantagem absoluta (isenção total), a percepção é de que o Brasil ficou para trás.
Essa é a essência da narrativa: não se trata apenas dos números, mas de como eles são comunicados e interpretados.
Conclusão
O caso das tarifas entre EUA e Brasil mostra como o comércio internacional não é feito apenas de cálculos objetivos. As narrativas desempenham papel central, influenciando negociações, moldando percepções e até criando a sensação de derrota em cenários onde, matematicamente, nada mudou.
O leitor bem informado precisa distinguir entre o fato concreto (a diferença continua de 40 pontos) e a narrativa construída (de que a situação “piorou”).
Contato
- Atendimento
- (41) 999-555-006
-
Av. do Batel, 1750 – S215
Curitiba – PR

























