O que disse Amorim, que irritou tanto Nicolás Maduro?
Nicolás Maduro está irritadíssimo com o Brasil e principalmente com “o mensageiro do imperialismo norte-americano“, forma como se referiu a Celso Amorim, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro.
E isto foi em um comunicado enviado para quem quisesse ler.
“Amorim tem se comportado mais como um mensageiro do imperialismo norte-americano e se dedicado, de maneira impertinente, a emitir juízos de valor sobre processos que são responsabilidade exclusiva dos venezuelanos e de suas instituições democráticas”, afirmou o comunicado.

Celso Amorim e Nicolás Maduro
A tensão diplomática entre Brasil e Venezuela realmente começou quando Maduro resolveu brincar de conquistador, ameaçando invadir a Guiana. O Brasil fez seu papel de mediador, colocou panos quentes, mas não foi louco de apoiar a Venezuela, que para realizar tal feito, teria que passar tropas por território brasileiro e enfrentar os EUA que prontamente colocaram forças armadas no território da Guiana, para intimidar Maduro.
Isso passou, e Maduro que achava que Lula morria de amores por ele, a ponto de apoiar até militarmente a Venezuela, ficou frustrado.
Logo em seguida veio a eleição para presidente na Venezuela. Maduro, soltando fogo pelas ventas, disse que haveria um banho de sangue se ele não ganhasse as eleições. Mostrando assim como a democracia venezuelana é madura.
Ocorreram eleições depois de tempos difíceis para opositores que foram proibidos de concorreram. E Nicolás Maduro foi declarado presidente reeleito.
Mas não convenceu o mundo, de que realmente ganhou a eleição. Observadores internacionais, entre eles o Centro Carter (que observa eleições em todo o mundo) e observadores internacionais, entre eles Celso Amorim, enviado pelo Brasil, não reconheceram a vitória de Maduro e nem atestaram que o processo eleitoral foi isento ou dentro de normas democráticas.
Maduro ficou verde quando os opositores surgiram com cópias das atas eleitorais que provariam a vitória da oposição. O Brasil não reconheceu a vitória de Maduro e mantém até agora a exigência de que as atas oficiais sejam apresentadas.
Maduro enviou as tais atas eleitorais para o CNE (órgão equivalente ao TSE no Brasil) que colocou as atas em segredo de justiça. Assim não é que Maduro não queira mostras as atas. Ele não pode, porque elas estão em poder de justiça.
O caldo entornou de vez quando Nicolás Maduro quis colocar a Venezuela no BRICS. E mesmo sem ser convidado apareceu por lá para fazer pressão. Ele achou em um “cara a cara” com Lula resolveria isso. Mas Lula tinha sofrido uma queda no banheiro e estava machucado. Queria muito ir, mas por ordem médica não pode viajar.
Maduro ficou tranquilo. Lula não estaria mas Putin o receberia bem. E sim, o presidente russo o recebeu muito bem, lhe deu tapinhas nas costas e o mandou para casa.
Mais uma vez Maduro ficou verde de raiva e voltou para a Venezuela, mas não perdeu a pose e disse até que o B de BRICS era B de Bolívar e não B de Brasil.
Cutucando a onça com vara curta. Foi o que fez o assessor especial para temas internacionais, do presidente Lula, Celso Amorim, ontem (29), durante audiência na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados. Vamos ler o que ele disse:
Sobre a não entrada da Venezuela no BRICS
“A Venezuela de hoje não preenche essas condições. Não foi um veto. Porque existe esse mal-estar, que espero que possa se resolver à medida que as coisas se normalizem, os direitos humanos sejam respeitados, as eleições sejam realizadas, as atas apareçam”, confirmou o ex-chanceler. “Não foi idelógico sequer”, acrescentou Amorim, citando que o Brasil consentiu com o ingresso de Cuba, também uma ditadura comunista. O mesmo ocorreu com a Nicarágua do ditador Daniel Ortega, que vive crise com o governo Lula.
Venezuela e uma ditadura, Amorim?
“Não é um esporte rentável ficar classificando os países. Podemos ajudar se formos comedidos na linguagem”, afirmou, reiterando, no entanto, que o governo não reconhece a reeleição de Maduro.
Ainda sobre aquele imbróglio com a Guiana
“Não queremos que a Venezuela seja palco de Guerra Fria ou de conflito na Amazônia”, disse o ex-chanceler.
Sobre a reeleição de Maduro
“Queremos trabalhar com interlocução ampla. Temos de ter capacidade de falar com as pessoas e influir”, afirmou ele, pregando abertura ao diálogo. “É difícil aceitar certas situações. No caso da Venezuela, houve uma quebra de confiança dentro do processo eleitoral, em que apostamos muito. Algo dito não foi cumprido.”
Maduro continua verde
Mas não adianta protestar. A Venezuela precisa de apoio na América Latina. Sem o Brics, sem o Brasil, sem a Argentina e outros que não reconhecem Maduro como presidente, o ele pode fazer é negociar com a Rússia, que no momento passa por um período delicado com a Ucrânia.
Cuidado
Mas não devemos nos enganar, a Venezuela é importante estrategicamente e economicamente. A sua localização e a sua produção de petróleo e capacidade de compra, não podem ser ignoradas para uma América Latina que fica mais fraca com brigas internas.
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