Não se diminua o saber
O Papa opõe esse estilo à “diminuição do saber em determinados programas, muitas vezes subservientes a interesses políticos e econômicos” causados pela “atual globalização”. Essa “uniformidade esconde formas de condicionamento ideológico que falsificam a obra educativa, tornando-a um instrumento para fins bem diferentes da promoção da dignidade humana e da busca da verdade”.
A ideologia sempre faz retroceder, não permite que a pessoa se desenvolva. Sempre retrocede. Portanto, estejam atentos e defendam-se das ideologias de turno
As iniciativas da Uniservitate
Contra a “diminuição” do saber, o Papa elogia as atividades da “rede Uniservitate, do Centro Latino-Americano de Aprendizagem e Serviço Solidário”, cujo objetivo é justamente promover o aprendizado-serviço no ensino superior católico. Um título, este último, não puramente “honorário”, do qual deriva “o compromisso de cultivar um estilo pedagógico característico e uma didática coerente com os ensinamentos do Evangelho”.
Não se trata de ideologia evangélica. Não. É humanismo, humanismo de acordo com o Evangelho.
“Construamos uma aldeia educativa”
A missão da Uniservitate adere plenamente ao Pacto Educativo Global, a iniciativa lançada por Francisco em setembro de 2019 que visa “um encontro para reavivar o compromisso em prol e com as gerações jovens, renovando a paixão por uma educação mais aberta e inclusiva, capaz de escuta paciente, diálogo construtivo e mútua compreensão”. Isto só é possível, observa o Papa, correspondendo ao provérbio africano que ele cita frequentemente, que afirma que “para educar uma criança” é necessária “uma aldeia inteira”.
Construamos, portanto, uma “aldeia educativa”, onde possamos partilhar o compromisso de promover relações humanas positivas e culturalmente válidas.
Além das salas de aula e bibliotecas
Se falamos de aldeia e comunidade, fica claro como a educação se torna uma atividade que vai além das “salas de aula” ou das bibliotecas. “Continua na vida, continua nos encontros e nos caminhos que percorremos todos os dias. Escutar o outro, refletir sobre o diálogo: este é o caminho para a educação”. A aliança esperada por Francisco gera “paz, justiça e acolhimento”, incentivando “o diálogo entre as religiões e o cuidado da nossa casa comum”.
Tenhamos consciência de que a tarefa não é fácil, mas é emocionante! Educar é uma aventura, é uma grande aventura.
Estudantes em relação com a realidade
Para apoiar as iniciativas comuns às escolas católicas, Francisco propõe dois princípios presentes na exortação apostólica Evangelii gaudium: “a realidade é superior à ideia” e “o todo é superior à parte”. Os projetos pedagógicos terão de ligar os alunos “à realidade que os rodeia”, para que “aprendam a transformar o mundo não em benefício próprio, mas com espírito de serviço».
Ajudando as novas gerações
Francisco pede para apoiar os jovens na exploração “de si mesmos e do mundo” sem reduzir o “conhecimento”, neste caso apenas à “capacidade da mente”, mas antes “completá-lo com a destreza do trabalho manual e com a generosidade de um coração apaixonado.” Uma educação, portanto, feita de “mente”, “coração” e “mãos”.
Devemos aprender a pensar o que sentimos e fazemos, a sentir o que fazemos e pesamos, a fazer o que sentimos e pensamos. Isto é educação: a tríplice linguagem.
O caminho para a “tarefa muito urgente”
O Papa conclui a sua mensagem propondo “um bom caminho para ter sucesso numa tarefa tão urgente”, retirada da encíclica Dilexit nos. “Num mundo líquido é necessário voltar a falar com o coração”, explica Francisco, pois “só a partir do coração as nossas comunidades poderão unir as diferentes inteligências e vontades e pacificá-las para que o Espírito nos guie como rede de irmãos”.
Hoje o inimigo, talvez o maior, no caminho do amadurecimento, são as ideologias. As ideologias não nos fazem crescer, ideologias de qualquer tipo. São inimigas do amadurecimento.
Fonte: Vatican News