Às vésperas de ser julgado, vigilância sobre Bolsonaro aumenta
A tensão política em torno do ex-presidente Jair Bolsonaro ganha novos contornos com a intensificação da vigilância em sua residência, onde cumpre prisão domiciliar. A medida, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, reflete não apenas o avanço das investigações sobre a suposta trama golpista, mas também o receio de uma possível tentativa de fuga — temor reforçado pela descoberta de um pedido de asilo político à Argentina em seu celular.
A decisão autoriza a Polícia Penal do Distrito Federal a realizar monitoramento constante da casa, com câmeras em tempo real e possibilidade de revistar veículos de visitantes. Embora a Polícia Federal tenha sugerido a presença de agentes dentro da residência, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, considerou a proposta excessiva, defendendo que a vigilância se limite às áreas externas. O impasse revela o grau de preocupação das autoridades com a imprevisibilidade do ex-mandatário e seus aliados.
É inevitável perceber que, mais do que uma medida cautelar, essa vigilância reforçada carrega um peso simbólico. Bolsonaro, que por anos se apresentou como defensor da “lei e da ordem”, agora se vê cercado por ela. A tornozeleira eletrônica, antes símbolo de punição para os “inimigos da pátria”, tornou-se parte de sua rotina. E a vigilância, que ele tanto exaltou como ferramenta de controle social, agora se volta contra ele.
Bolsonaro é vigiado pela polícia penal de Brasília
O julgamento previsto para setembro poderá marcar um divisor de águas na história política recente do Brasil. Se condenado, Bolsonaro enfrentará consequências que vão muito além da prisão domiciliar — incluindo a inelegibilidade e o enfraquecimento de sua base de apoio. Se absolvido, poderá tentar se reposicionar como vítima de perseguição judicial, narrativa que já vem sendo construída por seus aliados.
Independentemente do desfecho, o aumento da vigilância é um indicativo claro de que o Estado está atento e disposto a agir. E, para muitos, é também um sinal de que a democracia brasileira, embora ainda marcada por tensões e fragilidades, não está disposta a tolerar atentados contra suas instituições sem resposta firme.
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