Bolsonaro a uma semana do julgamento
A sete dias do julgamento que pode redefinir os limites da responsabilização de ex-presidentes no Brasil, Jair Bolsonaro se vê no centro de uma tempestade política, jurídica e simbólica. A pesquisa Quaest divulgada nesta segunda-feira (25) revela que 55% dos brasileiros consideram justa sua prisão domiciliar, enquanto 39% discordam. Mais do que números, os dados revelam uma sociedade dividida, mas com uma maioria que não rejeita a ideia de punição — ainda que em regime brando.
O julgamento, marcado para começar em 2 de setembro, será conduzido pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), presidida por Cristiano Zanin. A expectativa é de que não haja novas medidas cautelares antes do veredito. Interlocutores de ministros avaliam que, com o processo já em fase decisiva, qualquer agravamento seria precipitado. A manutenção da prisão domiciliar, portanto, parece ser o caminho mais prudente — não por benevolência, mas por estratégia institucional.
Mas o clima está longe de ser estável. Deputados da oposição protocolaram uma denúncia formal alertando para a possibilidade de Bolsonaro tentar se refugiar na embaixada dos Estados Unidos em Brasília antes do julgamento. A suspeita de um pedido de asilo político reacende fantasmas históricos e levanta questões sobre o papel das instituições em prevenir tentativas de evasão. A denúncia, embora ainda não comprovada, não pode ser ignorada: ela aponta para uma tensão latente entre o poder político e o aparato judicial.

A defesa de Bolsonaro, por sua vez, insiste na revogação da prisão domiciliar, alegando ausência de provas concretas sobre risco de fuga. Mas diante da nova denúncia e da percepção pública captada pela pesquisa, o STF se vê pressionado a manter a cautela. A decisão do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, dependerá do parecer da Procuradoria-Geral da República, que deve avaliar os riscos reais de descumprimento das medidas impostas.
O julgamento não será apenas sobre Bolsonaro. Será sobre os limites da democracia brasileira, sobre a capacidade das instituições de se manterem firmes diante de pressões e sobre o que o país está disposto a tolerar — ou punir. A tentativa de golpe, que antes parecia um episódio isolado, agora é vista por 52% da população como um plano articulado com participação direta do ex-presidente. Esse dado, por si só, já muda o tom da conversa nacional.
Independentemente do resultado, o Brasil vive um momento de inflexão. A responsabilização de um ex-chefe de Estado por atos contra a democracia não é trivial. E o modo como esse processo se desenrola — com denúncias de possível fuga, disputas narrativas e vigilância institucional — será lembrado como um teste de maturidade democrática.
Contato
- Atendimento
- (41) 999-555-006
-
Av. do Batel, 1750 – S215
Curitiba – PR