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Ultima atualização 17h27min

Venezuela: uma questão delicada

Em menos de 24 horas após a confirmação dos resultados, pelo CNE (Colégio Nacional Eleitoral) da Venezuela, Nicolás Maduro é diplomado como presidente da Venezuela para o seu terceiro mandato consecutivo.

O processo eleitoral foi conturbado desde o início, ainda mesmo antes de ser oficialmente instaurado.  Ocorreu de modo pacífico, mas ainda com diversas denúncias de fraude e agora enfrenta questionamento firme da oposição, distúrbios civis e questionamentos internacionais.

E como fica o Brasil no meio a estes acontecimentos? Qual a posição do governo brasileiro e as consequências deste posicionamento para o Brasil.

Primeiro é preciso entender que o nosso presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, tem em sua biografia uma grande proximidade com o regime chavista, que antecede e dá a Maduro a presidência do país. Tem ainda continuidade desta amizade e proximidade entre Lula e Maduro, inclusive com encontros recentes, como mostramos na imagem que ilustra esta matéria.

MADURO:  Com a intenção de legitimar estas eleições como democráticas, Nicolás Maduro convidou e aceitou observadores internacionais. Mas escolheu quem poderia ou não entrar no país, de acordo com a oposição. Por exemplo, uma comitiva de ex-presidentes de países da América do Sul, foi impedida de entrar no país.

Além disto, aqueles que criticaram ou duvidaram dos resultados, foram expulsos da Venezuela. Em comunicado, o governo venezuelano afirma que Argentina, Chile, Costa Rica, Peru, Panamá, República Dominicana e Uruguai atentam contra soberania nacional. Por isso seus embaixadores foram expulsos. E o corpo diplomático da Venezuela, nestes países, foi retirado.

O comunicado, na íntegra, ilustra esta matéria. 

LULA: Lula tem se afastado de Maduro nos últimos meses. Desde um incidente com o Itamaraty que publicou um comentário que Maduro não gostou, e também agravado pela disputa de Maduro com a Guiana. As relações entre Lula e Maduro tem sido de afastamento.

Uma crítica ao sistema eleitoral brasileiro, que Maduro acurou sem nenhuma prova, de não ser auditável (imediatamente negado pelo TSE), fez com que os representantes brasileiros que seriam enviados pela Justiça Eleitoral Brasileira, suspendessem esta ação.  No entanto Lula enviou um representante especial do Brasil, Celso Amorim, para acompanhar o processo eleitoral na Venezuela.

Amorim está retornando agora pela manhã para prestar contas do que viu. Até o momento o Brasil não se manifestou oficialmente sobre os resultados das eleições venezuelanas. Desta forma não houve ainda o reconhecimento oficial de Nicolás Maduro como eleito.

Lula e Maduro nutriram até pouco tempo uma relação de proximidade e cordialidade.

PARTIDO DOS TRABALHADORES:  Na contramão das relações diplomáticas o PT, através de nota divulgada na noite de ontem (29), reconhece a eleição de Maduro:

Importante que o presidente Nicolas Maduro, agora reeleito, continue o diálogo com a oposição, no sentido de superar os graves problemas da Venezuela, em grande medida causados por sanções ilegais” – Diz a nota do Partido dos Trabalhadores.

Ainda em sua nota, o PT afirma que Maduro venceu uma eleição “democrática e soberana”. A nota é um golpe na diplomacia brasileira, pois Lula e PT se confundem, sendo Lula sem dúvidas a figura que mais representa o partido.

BRASIL: Logo após a divulgação dos resultados, opositores de Maduro apontaram que tinham parte dos resultados das atas de votação que comprovariam a derrota de Maduro.

O Brasil passou a defender que as atas oficiais fossem divulgadas na íntegra. E até o momento é este o posicionamento do nosso país. O raciocínio é simples: se as atas são documentos em que a oposição confia e usa para desafiar os resultados, a sua divulgação, se confirmarem a vitória de Maduro, encerram a questão.

A desconfiança de que as coisas não devem ficar pacíficas na Venezuela, fez com que o Itamaraty emitisse um alerta para os brasileiros em território venezuelano, solicitando aos brasileiros que evitem aglomerações e mantenham-se informados pelas páginas oficiais do governo brasileiro.

AMÉRICA LATINA: A união da América Latina e a liderança no cone Sul está em jogo, e o Brasil, até agora líder neste contexto, pode perder a liderança e se isolar, se divergir dos demais países que já estão negando a eleição de Maduro como democrática.

A não ser que Nicolás Maduro consiga provar sua legitimidade, ele será considerado pelo mundo como um ditador, e a proximidade do presidente Lula com um ditador não favorece em nada a democracia brasileira e as relações diplomáticas com o cone Sul e com o restante do mundo. Por outro lado a Venezuela é parceiro importante e tem a maior reserva natural de petróleo do mundo. Não pode ser ignorada como parceira internacional.

Até o momento o Brasil não havia se posicionado oficialmente sobre o reconhecimento ou não dos resultados da eleição na Venezuela. Celso Amorim, afirmou que o Brasil deve ir com cautela e que o caminho deve ser a busca pela pacificação.

O MUNDO: As reações de reconhecimento e legitimação de Maduro como presidente eleito democraticamente tem resistência internacional. Normalmente  o reconhecimento ocorre no mesmo dia ou no máximo em 24 horas. 

A OEA (Organização dos Estados Americanos) divulgou relatório no qual aponta suspeitas de que governo Maduro distorceu resultado do pleito realizado no domingo. De certa forma isto já era esperado, pois os EUA lideram a OEA e são opositores declarados do regime de Nicolás Maduro.

PROTESTOS NA VENEZUELA

Durante todo o dia a Venezuela enfrentou protestos em diversas cidades. Maduro responsabiliza seu opositor Edmundo Gonzales Urrutia pela violência nas ruas e pelas mortes de civis.

“A responsabilidade é sua, senhor Edmundo Gonzalez Urrutia, por tudo o que está acontecendo na Venezuela, pela violência criminosa, pelos delinquentes, pelos feridos, pelos falecidos, pela destruição. O senhor será o responsável direto, senhor Gonzalez Urrutia, e a senhora também, senhora Machado. E a justiça vai chegar”, afirmou Maduro.

Até momento as notícias são de 749 presos, sete mortos e 48 policiais feridos. O Ministério Público (MP) da Venezuela afirmou que sedes do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), estátuas e outras instituições públicas, como prefeituras e sedes do PSUV (partido do governo), foram atacadas e vandalizadas por grupos insatisfeitos com o resultado eleitoral que deu vitória ao presidente Nicolás Maduro.

 

*Esta matéria será atualizada durante o dia, concentrando aqui todas as informações importantes sobre a relação do Brasil e Venezuela.

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