Brasil em alerta: a queda de Maduro e os reflexos inevitáveis para o país
A tensão entre Estados Unidos e Venezuela atingiu um novo patamar nesta semana, com declarações explosivas de Donald Trump e uma resposta imediata de Nicolás Maduro. Em meio à escalada diplomática e militar, o Brasil observa com preocupação os desdobramentos que podem afetar diretamente sua segurança, economia e política externa.
Durante coletiva de imprensa na Casa Branca, Trump confirmou ter autorizado a CIA a conduzir operações secretas na Venezuela. Embora tenha evitado afirmar se os agentes receberam permissão para eliminar Maduro, o presidente americano admitiu que estuda ataques terrestres contra cartéis de drogas no país vizinho. “Temos os oceanos controlados na região. Estamos começando a olhar para ataques em terra”, disse, sugerindo que a campanha militar pode se intensificar 1.
A retórica de Trump foi ambígua, mas reveladora. Ao ser questionado sobre a possibilidade de eliminar o líder venezuelano, respondeu que era “uma pergunta ridícula para responder”, mas acrescentou que “a Venezuela está sentindo a pressão” 2. A mobilização de uma força-tarefa naval no Caribe, com mais de quatro mil fuzileiros e bombardeiros de ataque maciço, reforça a ideia de que o objetivo central é a substituição do regime de Maduro por um governo mais alinhado aos interesses de Washington 3.
Maduro, por sua vez, reagiu com veemência. Em discurso transmitido pela televisão estatal, condenou o que chamou de “golpes de Estado dados pela CIA” e comparou a situação atual às “guerras eternas fracassadas no Afeganistão, Iraque e Líbia” 4. O presidente venezuelano ordenou exercícios militares nas maiores favelas do país e mobilizou as Forças Armadas, afirmando que a Venezuela quer paz, mas está pronta para se defender. “Não queremos guerra no Caribe e na América do Sul. Not war, please, please, please,” declarou em inglês, dirigindo-se diretamente ao povo americano 5.
Donald Trump e Nicolás Maduro.
Para o Brasil, a proximidade geográfica com a Venezuela transforma essa crise em uma questão doméstica. A cidade de Pacaraima, em Roraima, já foi palco de ondas migratórias em momentos anteriores de instabilidade. Uma eventual queda de Maduro pode provocar um novo fluxo desordenado de refugiados, pressionando os serviços públicos e exigindo respostas rápidas do governo federal.
Além da questão humanitária, há implicações geopolíticas. O domínio americano sobre o petróleo venezuelano e guianense colocaria os Estados Unidos em uma posição inédita de influência sobre o mercado energético global. Isso pode alterar acordos comerciais, afetar o preço do barril e reposicionar o Brasil em negociações internacionais. O governo Lula, que busca protagonismo diplomático, terá de equilibrar princípios de não intervenção com pragmatismo estratégico.
A América Latina, mais uma vez, assiste à imposição da força como linguagem dominante nas relações internacionais. E o Brasil, embora não seja protagonista nesse tabuleiro, está longe de ser um mero espectador. Os próximos passos exigirão cautela, firmeza e uma leitura precisa dos interesses em jogo — dentro e fora das fronteiras.
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