Correios: R$ 12 bilhões para tapar buracos, não para competir
Estamos pagando para que?
O governo federal autorizou um empréstimo de R$ 12 bilhões aos Correios, com garantia da União. O valor é apresentado como solução para reequilibrar as contas da estatal, mas na prática funciona apenas como um remendo fiscal. O dinheiro cobre prejuízos acumulados e evita que os números da empresa contaminem ainda mais as contas públicas, mas não cria condições para que os Correios se tornem sustentáveis. É um cheque bilionário que tampa o buraco, sem construir um caminho sólido para o futuro.
O aspecto estratégico
O plano de reestruturação dos Correios não enfrenta o problema central: a falta de competitividade. Em vez de apostar em inovação tecnológica, integração com o e-commerce e modernização logística, a estratégia atual se concentra em redução de pessoal e fechamento de agências. Ou seja, diminui a presença da empresa no território nacional e enfraquece justamente o seu diferencial histórico: a capilaridade. Enquanto concorrentes privados avançam com eficiência e tecnologia, os Correios se retraem, perdendo espaço e relevância.
Perdendo mercado para empresas privadas, em um mundo online com entregas, os Correios consomem recursos do públicos.
O aspecto social
A escolha por demissões e cortes de agências tem impacto direto na população, especialmente em regiões onde os Correios são a única presença estatal. Ao reduzir sua rede, a empresa não apenas se afasta do mercado, mas também abandona comunidades que dependem de seus serviços.
O discurso oficial insiste em negar a privatização, mas ao mesmo tempo promove uma reestruturação que esvazia a estatal e a torna cada vez menos capaz de cumprir sua função social.
O empréstimo bilionário não é solução, é adiamento. Sem enfrentar de frente a questão da competitividade, os Correios continuarão dependentes de recursos públicos e cada vez mais irrelevantes no mercado. O governo pode evitar a palavra “privatização”, mas enquanto não houver um plano real de modernização e reposicionamento estratégico, estará apenas pagando caro para manter uma estatal em declínio.
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