A Rota da Seda, que liga o Brasil ao oceano Pacífico, e a vitória de Donald Trump nos EUA deverão ser dois dos principais assuntos entre Lula (PT) e o presidente chinês, Xi Jinping, nas reuniões desta manhã (20) no Palácio da Alvorada.
Após o afastamento do Brasil no governo de Jair Bolsonaro, o Itamaraty trata a reaproximação como uma das prioridades estratégicas para o crescimento do país.
A China é o principal parceiro comercial do Brasil há 15 anos seguidos. De janeiro a outubro de 2024, o intercâmbio entre os países foi de US$ 136,3 bilhões. As exportações brasileiras alcançaram US$ 83,4 bilhões e as importações, US$ 52,9 bilhões, um superávit de US$ 30,4 bilhões.
A Rota da Seda, projeto chinês de ligação da América do Sul ao Pacífico por meio de ferrovia, deverá ser o tema central no debate. Mas outros assuntos também estão na pauta.
Xi e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deverão anunciar, por exemplo, a abertura do mercado chinês para uvas frescas, sorgo e gergelim produzidos no Brasil.
Uma série de negociações para outros produtos — como miúdos suínos, miúdos bovinos e DDG (coproduto da fabricação de etanol a partir do milho) — estão avançadas entre Brasil e China. No entanto, a tendência é que esses pontos sejam deixados para um segundo momento. Novos protocolos sanitários e fitossanitários também devem ficar para 2025.
Os chineses são os principais parceiros comerciais do Brasil a 15 anos.
O governo federal também assina acordos com a empresa chinesa SpaceSail e com a Administração Nacional de Dados da China para a condução de estudos sobre a demanda por internet via satélite no Brasil.
Este é um passo decisivo para o Brasil e que deverá ser pensado com cuidado. Uma rede de satélites por uma empresa chinesa poderá afastar de vez diversas parcerias futuras com EUA, se estas parcerias tecnológicas envolverem dados que transitem por esta rede, pois os americanos acreditam que tudo o que passa por uma rede chinesa é capturado pelo governo daquele país.
Por outro lado, ficou claro que a dependência tecnológica de uma rede de internet via satélite, por uma empresa americana, deixou o Brasil em uma posição de atrito, após polêmicas com o dono da empresa que tem esta licença de operação no Brasil, Elon Musk, da Starlink.
O Brasil já autorizou a atuação da empresa francesa E-Space, no país.