Lula chama guerra em Gaza de genocídio e critica “hipocrisia”
No final da semana passada, durante uma entrevista, o presidente Lula, citou o que ocorre na Faixa de Gaza, como genocídio e estabeleceu uma comparação entre o que ocorre e o que já ocorreu com judeus na segunda guerra mundial.
Diante desta comparação houve uma postura de raiva, violência diplomática e ações das mais diversas por parte de Israel, que inclusive declarou o presidente brasileiro “persona não grata”.
Mais que isso, em uma demonstração de absoluta falta de conduta ética na diplomacia mundial, Israel publicou fake news sobre a fala do presidente, atribuindo a ele falas que não constam na entrevista.
O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, rebateu no início da semana (20/2), por meio das redes sociais, o governo de Israel por ataques ao presidente Lula (PT). Pimenta disse que o governo de Benjamin Netanyahu “adota prática da extrema direita e aposta em fake news”, e que o chanceler de Israel, Israel Katz, “distribui conteúdo falso atribuindo a Lula opiniões que jamais foram ditas por ele”.

Em discurso Lula volta a condenar Israel por genocídio.
Pimenta acrescentou ainda que “isolado, o governo de Israel adota prática da extrema-direita e aposta em Fake News para tentar se reafirmar interna e internacionalmente”.
Para o atual ministro de Israel, Katz, a comparação feita pelo presidente brasileiro é “promíscua” e “delirante”, e uma “vergonha para o Brasil”. O chanceler disse ainda que não é tarde para Lula pedir desculpas e reiterou que, até lá, o presidente brasileiro continua sendo persona non grata em Israel.
A postura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
Fortalecido durante as reuniões do G20 e com apoio da comunidade internacional, que observou a reação desproporcional, e envolvida em mentiras e ações diplomáticas execráveis, por parte de Israel, o presidente pede:
“Não tentem interpretar a entrevista que dei na Etiópia, leiam a entrevista. Leia a entrevista em vez de ficar me julgando pelo que disse o primeiro-ministro de Israel. O que está acontecendo em Israel é um genocídio. São milhares de crianças mortas, milhares desaparecidas. E não está morrendo soldado, estão morrendo mulheres e crianças dentro de hospital. Se isso não é genocídio, eu não sei o que é genocídio“, completou Lula.
A fala do presidente Lula foi enfática ao em novo discurso, ontem (23), no lançamento do programa Petrobras Cultural, no Rio de Janeiro, voltando a classificar o conflito militar como genocídio e responsabilizou o governo de Israel pela matança que já vitimou cerca de 30 mil civis, principalmente mulheres e crianças palestinas.
“Quero dizer para vocês, agora, eu não troco a minha dignidade pela falsidade. Quero dizer a vocês que sou favorável à criação do Estado Palestino livre e soberano. Que possa, esse Estado Palestino, viver em harmonia com o Estado de Israel. E quero dizer mais: o que o governo de Israel está fazendo contra o povo palestino não é guerra, é genocídio, porque está matando mulheres e crianças“, afirmou o presidente.
Hipocrisia
O presidente ainda afirmou que o governo brasileiro trabalha para uma reforma no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), que inclua representações permanentes de países da América Latina, da África, da Índia e outras nações. Ele ainda criticou os vetos do governo dos Estados Unidos às resoluções da ONU para um cessar-fogo em Gaza e, sem citar nomes, chamou de “hipócrita” a classe política pela inação diante dos conflitos em curso.
“Somente quando a gente tiver um conselho [de segurança] da ONU democrático, com mais representação política, e somente quando a classe política deixar de ser hipócrita, somente quando ela encarar as verdades. Não é possível que as pessoas não compreendam o que está acontecendo em Gaza. Não é possível que as pessoas não tenham sensibilidade com milhões de crianças que vão dormir todo santo dia com fome, porque não têm um copo de leite, apesar do mundo produzir alimento em excesso“, afirmou.
O presidente apelou por mais política para a solução de guerras. “É importante que as pessoas saibam enquanto é tempo de saber. Nós precisamos ter consciência que o que existe no mundo hoje é muita hipocrisia e pouca política. A gente não pode aceitar guerra na Ucrânia, como não pode aceitar a guerra em Gaza, como não pode aceitar nenhuma guerra“, concluiu.
No Brasil
No Brasil a reação dos políticos não foi outra. Aproveitaram a polêmica para rapidamente abrir uma lista de assinatura para pedir impeachment do presidente da república. Ao invés de fortalecer a posição de liderança do Brasil, justamente quando o país sediou a reunião do G20, de fortalecer a posição do país em sua política internacional, a busca pelo poder foi a grande força que impulsionou os políticos brasileiros neste episódio. E quando querem se mobilizar para o poder, eles são muito rápidos.
O pedido de impeachment contra Lula foi protocolado nesta quinta, 22. Dificilmente este pedido deverá seguir no senado, pois não há base para que ele seja realmente continuado. De toda forma é um movimento político da oposição que visa enfraquecer o governo atual. Mas com política não se brinca, especialmente na frágil democracia brasileira.
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