Brasileiras adiam maternidade, mostra IBGE
A taxa de fecundidade total caiu para 1,55 filhos por mulher em 2022, bem abaixo dos 2,1 necessários para a reposição populacional, e a idade média para ter o primeiro filho já chega a 28,1 anos.
Queda histórica da fecundidade
Em 2022, a média de filhos por mulher de 15 a 49 anos no Brasil chegou a 1,55 — o menor patamar desde o início da série histórica do IBGE. Para efeito de comparação, em 1960 cada mulher tinha, em média, 6,28 filhos. Essa curva de redução foi contínua: 5,76 (1970), 4,35 (1980), 2,89 (1991), 2,38 (2000) e 1,90 (2010).
Desde 2010, portanto, a fecundidade brasileira está abaixo dos 2,1 filhos por mulher necessários para manter o tamanho da população estável.
Disparidades regionais
– Sudeste: de 6,34 filhos (1960) para 1,41 (2022) – o menor índice nacional.
– Sul: de 5,89 (1960) para 1,50 (2022).
– Centro-Oeste: de 6,74 (1960) para 1,64 (2022).
– Norte: de 8,56 (1960) para 1,89 (2022) – a taxa mais alta hoje, mas ainda abaixo do nível de reposição.
Esses dados mostram que o movimento de queda iniciou-se primeiro nas regiões mais urbanizadas e ricas, expandindo-se ao restante do país nas décadas seguintes.
Quem são as mães tardias
– A idade média para ter filhos passou de 26,3 anos em 2000 para 28,1 em 2022.
– Distrito Federal registra a maior idade média (29,3 anos); Pará, a menor (26,8 anos).
– Gravidez na adolescência (15–19 anos) caiu de 15,6% para 11,4% na última década, mas ainda figura entre as mais altas do mundo.
Cresce o contingente de mulheres sem filhos
A proporção de brasileiras que não teve filhos saltou de 10,0% (2000) para 16,2% (2022). No Rio de Janeiro, uma em cada cinco mulheres de 15 a 49 anos não tem filhos; em Tocantins, esse índice cai para 11,8%.
Fecundidade por raça e escolaridade
– Mulheres indígenas: 2,48 filhos por mulher
– Pardas: 1,68
– Pretas: 1,59
– Brancas: 1,35
– Amarelas: 1,22
Em média, as mulheres brancas adiam mais a maternidade, tornando-se mães aos 29 anos. Já o nível educacional influencia diretamente a fertilidade: quem não concluiu o ensino fundamental tem 2,01 filhos em média, acima da taxa nacional de 1,55.

Impactos demográficos e socioeconômicos
1. Envelhecimento acelerado
Com menos nascimentos e longevidade em alta, o Brasil caminha para uma pirâmide etária invertida. Isso pressiona sistemas de previdência e saúde, além de reduzir o dividendo demográfico — período em que há mais pessoas em idade produtiva do que dependentes.
2. Desafios para o mercado de trabalho
A escassez de jovens entrando no mercado e o aumento da participação feminina em profissões tradicionalmente masculinas tornam urgente repensar políticas de retenção de talentos, flexibilização de jornada e estímulo à qualificação ao longo da vida.
3. Políticas públicas e incentivos
Países europeus e o Japão já oferecem subsídios diretos a famílias, licenças parentais generosas e infraestrutura de creches. No Brasil, ampliar redes de educação infantil, facilitar a conciliação trabalho-família e incentivar a paternidade ativa pode mitigar a queda da natalidade.
4. Planejamento de longo prazo
O IBGE alerta que as transformações demográficas moldarão a economia, o mercado imobiliário, o sistema previdenciário e até a distribuição de recursos federais nas próximas décadas. Adotar políticas intersetoriais hoje é essencial para garantir sustentabilidade populacional e social.
O que vem a seguir?
– Um olhar sobre migração internacional como paliativo ao declínio populacional.
– A influência das tecnologias de reprodução assistida e nova legislação sobre fertilidade tardia.
– Estudos de caso de municípios que apostam em “cidades familiares” e atraem jovens casais.
Fique de olho: o panorama demográfico brasileiro está em rápida transformação, e as decisões tomadas hoje definirão o perfil da nossa sociedade em 2050.
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