A carta de Bolsonaro e a sucessão no PL
No dia 25 de dezembro de 2025, Jair Bolsonaro divulgou uma carta em que endossa o nome de seu filho, Flávio Bolsonaro, como candidato à Presidência da República em 2026. O texto foi lido pelo próprio Flávio em frente ao hospital DF Star, em Brasília, onde o ex-presidente se preparava para passar por uma cirurgia neste Natal. O gesto, carregado de simbolismo, marcou a tentativa de consolidar o bolsonarismo como um projeto familiar e hereditário.
O conteúdo da carta
Na mensagem, Bolsonaro afirmou que a escolha de Flávio é uma decisão “consciente e legítima”, feita em nome da continuidade do projeto político que liderou desde 2018. Ao ser lida em público, a carta funcionou como uma espécie de transferência de protagonismo, reforçando a ideia de que o bolsonarismo não se encerra com a figura do ex-presidente, mas se perpetua por meio de sua família.
O contexto político
A divulgação ocorreu em um momento em que o Partido Liberal (PL) ainda discutia possíveis nomes para a corrida presidencial. Figuras como Michelle Bolsonaro e Tarcísio de Freitas eram cogitadas como alternativas viáveis, além de outros líderes regionais. Com o aval explícito de Bolsonaro pai, a candidatura de Flávio ganha consistência e legitimidade, enquanto as demais opções perdem força.
Reações internas
A leitura da carta provocou reações imediatas. Flávio assumiu a pré-candidatura, reforçando o discurso de continuidade e fidelidade ao legado do pai. Já parte do entorno político reagiu com irritação ou silêncio crítico. Esses setores, justamente os que viam uma oportunidade de disputar a Presidência pelo PL, perceberam que sua viabilidade eleitoral foi reduzida. A imposição do nome de Flávio é vista por alguns como precipitada e centralizadora, capaz de gerar fissuras internas.
Flávio Bolsonaro lê carta do pai que confirma sua indicação para concorrer a presidência.
Implicações estratégicas
A decisão de Bolsonaro redefine o tabuleiro da direita brasileira. Ao mesmo tempo em que fortalece o projeto familiar, enfraquece as pretensões de outros nomes do PL, que agora se veem diante de uma candidatura com o peso simbólico e político do aval do ex-presidente. O movimento pode consolidar a unidade em torno de Flávio, mas também abre espaço para dissidências e disputas internas, especialmente entre aqueles que acreditavam ter chance de concorrer ao Planalto.
Em resumo, a carta de 25 de dezembro não apenas oficializa Flávio como candidato, mas também delimita o espaço político dentro do PL. Ao reforçar a narrativa de continuidade, Bolsonaro aposta na força de seu sobrenome, ainda que isso implique reduzir a margem de manobra de outros aliados e potencialmente fragilizar a coesão da direita no caminho até 2026.
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