Sem coroa, sem trono: O Rei Laranja enfrenta o povo
Multidão nas ruas reflete a opinião pública dos EUA sobre a administração Trump.
No sábado, 18 de outubro, os Estados Unidos testemunharam uma das maiores mobilizações populares dos últimos anos. Mais de 100 mil pessoas tomaram as ruas de Nova York, com a Times Square transformada em um mosaico de vozes, cartazes e indignação. E não foi um ato isolado: mais de 2.500 manifestações ocorreram em cidades como Washington, Chicago, Miami e Los Angeles, além de protestos solidários em Toronto, Londres, Berlim e Roma. O recado era claro: “Aqui não temos reis”.
O movimento “No Kings”, que já havia reunido milhões em junho, voltou com força total. Desta vez, o alvo estava mais dourado que nunca — o “Rei Laranja”, como muitos manifestantes apelidaram Donald Trump, virou personagem central dos protestos. Os cartazes, criativos e contundentes, diziam:
- “Democracy, not Monarchy”
- “The Constitution is not optional”
- “No Kings”
- E o favorito da multidão: “Orange is not the new crown”
Conta oficial da Casa Branca postou uma imagem em que o presidente dos Estados Unidos é retratado como um rei, usando uma coroa dourada na cabeça com a cidade de Nova York ao fundo.
Apesar da magnitude e da clareza das reivindicações, a resposta institucional foi marcada por contradições. Governadores republicanos colocaram tropas da Guarda Nacional em prontidão, e senadores sugeriram o uso da força policial para conter os protestos — mesmo diante da confirmação de que os atos foram pacíficos. Essa postura levanta uma questão incômoda: como pode a democracia que se autoproclama a mais sólida e exemplar do mundo recorrer à repressão militar diante da livre manifestação popular?
A imagem dos EUA como bastião da liberdade se fragiliza quando a polícia é mobilizada não para proteger, mas para intimidar cidadãos que exercem seu direito constitucional de protestar.
Beth Zasloff, escritora e editora, resumiu o sentimento coletivo: “Me dá esperança estar aqui com tantas pessoas. Parece que estamos acordando de um pesadelo político.” Já Massimo Mascoli, engenheiro aposentado e neto de um resistente italiano, fez um paralelo sombrio: “Não esperava ver o fascismo ressurgir nos EUA.”
Enquanto Trump nega qualquer pretensão monárquica — “Eu não sou um rei”, disse à Fox News — os manifestantes parecem discordar. O ator Robert De Niro, crítico ferrenho do presidente, lançou um vídeo chamando-o de “Rei Donald, o Primeiro”, incentivando a resistência pacífica. Celebridades como Jane Fonda, John Legend e Kerry Washington também marcaram presença, reforçando que o movimento “No Kings” é mais do que político: é cultural, emocional e profundamente democrático.
Se Trump esperava aplausos, recebeu buzinas, tambores e uma multidão dizendo: “Sem coroa, sem trono. Aqui, quem manda é o povo.” ( lema coletivo nos protestos do movimento No Kings nos Estados Unidos).
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