Trump cerca a Venezuela e o mundo observa
O anúncio de Donald Trump de bloquear totalmente petroleiros ligados à Venezuela não é apenas mais um capítulo da tensão entre Washington e Caracas. É um sinal claro de que o presidente norte‑americano se sente livre para agir como quiser, sem enfrentar resistência proporcional da comunidade internacional.
Em sua publicação no Truth Social, Trump afirmou que “A Venezuela está completamente cercada pela maior Armada já reunida na história da América do Sul” e prometeu ampliar a operação até que o país devolva “todo o petróleo, terras e outros bens que nos roubaram”. São declarações de escalada militar explícita — e, ainda assim, o mundo reage com uma passividade desconcertante.
A apreensão recente de um petroleiro pela Guarda Costeira dos EUA e o aumento da presença militar norte‑americana na região mostram que a ofensiva não é retórica.
Trump acusa Maduro de financiar um “regime ilegítimo” e até classificou o governo venezuelano como “organização terrorista estrangeira”, justificando assim medidas cada vez mais agressivas. Mas o ponto central é outro: nenhuma instituição global parece disposta a impor limites reais a essa postura.
Maduro, por sua vez, tenta responder dentro do que ainda resta de diplomacia. Pediu paz, acusou os EUA de quererem colonizar a Venezuela e anunciou que recorrerá à ONU para denunciar o que considera uma violação grave do Direito Internacional.
O governo venezuelano fala em “ameaça grotesca” e promete agir “em estrita observância à Carta da ONU”.
Trump faz o que quer e o mundo observa.
O problema é que a ONU, na prática, não tem força para conter Trump
A Venezuela pode acionar o Conselho de Segurança, pedir debates, denunciar violações e buscar apoio de aliados como Rússia e China. Pode reivindicar o direito à livre navegação e à soberania sobre seus recursos. Tudo isso está dentro do manual diplomático.
Mas o que se vê é um cenário em que:
- a ONU está politicamente paralisada;
- potências com poder de veto transformam qualquer ação concreta em impasse;
- declarações oficiais substituem medidas efetivas;
- e, enquanto isso, Trump avança.
O resultado é um vazio de autoridade internacional. A ONU pode até emitir notas, abrir discussões e produzir relatórios, mas não consegue impedir que os EUA imponham sua vontade pela força. E essa incapacidade, somada ao silêncio ou à hesitação de outros países, cria exatamente o ambiente que permite a Trump agir sem freios.
Enquanto isso, o mercado reage como se tudo fosse apenas mais um movimento geopolítico previsível: o petróleo sobe mais de 1% e segue o jogo. Mas o que está em curso é maior — é a normalização de uma política externa baseada na imposição unilateral, diante de um mundo que observa, comenta… e deixa acontecer.
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