Aumento da fome nos EUA: um retrato alarmante da insegurança alimentar
A maior potência bélica do planeta e uma das economias mais fortes do mundo, brilha nas telas de cinema, faz uma propaganda imensa de desenvolvimento e chama a maior parte do mundo de terceiro mundo. Isto esconde uma realidade, que está cada vez mais difícil de ocultar.
A fome nos Estados Unidos, a maior economia do mundo, deixou de ser um problema invisível. Em 2025, ela se tornou uma realidade para milhões de famílias, escancarando desigualdades e fragilidades no sistema de proteção social do país.
Um cenário em deterioração
Segundo dados recentes, cerca de 47 milhões de americanos enfrentam insegurança alimentar — o equivalente a 14% da população. Famílias com crianças, idosos, pessoas com deficiência e desempregados são os mais afetados. A situação se agravou após a suspensão temporária do principal programa de assistência alimentar federal, o SNAP (Supplemental Nutrition Assistance Program), popularmente conhecido como “food stamps”.
A paralisação orçamentária (shutdown) promovida pelo governo Trump em novembro de 2025 interrompeu o financiamento do programa, deixando 40 milhões de pessoas sem acesso garantido à alimentação básica.
Histórias que escancaram a crise
A reportagem da AFP mostra o drama de cidadãos como Eric Dunham, morador de Houston, pai de dois adolescentes e pessoa com deficiência. Sem os vales de alimentação, Eric afirma: “Se não recebo mais vales de alimentos, literalmente não como.” Com apenas US$ 24 sobrando após pagar despesas básicas, ele depende da caridade de restaurantes locais para se alimentar.
Outro exemplo é Sandra Guzmán, mãe de dois meninos, que teve seu pedido de benefícios negado. “Isto não é um luxo, é algo tão básico quanto comida para meus filhos. Os ‘food stamps’ representam 40% das minhas despesas”, relatou.
Filas para garantir alimentação se tornaram comum nos últimos anos, nos EUA.
No sul de Houston, milhares de pessoas formaram filas quilométricas em seus carros no Estádio NRG para receber frutas e alimentos não perecíveis distribuídos por voluntários do Banco de Alimentos da cidade. O presidente da instituição, Brian Greene, alertou: “Hoje foi suspenso o programa de assistência SNAP, algo sem precedentes na história. Isto afeta aproximadamente 425.000 famílias só na região de Houston.”
Prioridades em xeque
A revolta popular se intensificou ao saber que, enquanto cortava benefícios essenciais, o governo investia em projetos como um novo salão de baile na Casa Branca. “Por que tiram nossas coisas? Tiram de nós os cupons de alimentos, mas agora se preparam para construir um ‘ballroom’. Não faz sentido”, protestou Carolyn Guy, mãe de quatro filhos e atualmente desempregada.
Um problema estrutural
A fome nos EUA não é nova, mas tem se agravado. Em 2023, 13,5% dos lares americanos enfrentaram dificuldades para garantir comida suficiente. O cancelamento do relatório oficial sobre fome pelo Departamento de Agricultura em 2025 dificultou ainda mais o monitoramento da crise.
Reflexos globais
A crise alimentar americana também tem repercussões internacionais. A insatisfação entre agricultores dos EUA cresceu após o governo anunciar compras de soja e carne da China, enquanto produtores locais enfrentam estoques encalhados e queda nos preços. A base rural, tradicionalmente aliada de Trump, começa a se distanciar diante das decisões que afetam diretamente sua subsistência.
A fome nos Estados Unidos é um reflexo de escolhas políticas, desigualdades históricas e fragilidade social. Enquanto comunidades se mobilizam para ajudar, milhões seguem dependendo da solidariedade para garantir o básico: uma refeição.
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