Hipocrisia em alta voltagem: EUA condenam uso político da lei, mas ameaçam o Brasil com força militar
No dia seguinte à histórica condenação de Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal — 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe e outros crimes contra a democracia — a embaixada dos Estados Unidos decidiu se manifestar. E o tom não foi de respeito à soberania brasileira, mas de afronta.
Autoridades americanas, incluindo o subsecretário de diplomacia pública e o próprio secretário de Estado, Marco Rubio, classificaram o julgamento como “perseguição política” e “censura” promovida pelo ministro Alexandre de Moraes. Mais grave ainda: a Casa Branca afirmou que não hesitará em usar “poder econômico e militar” para proteger o que chama de “liberdade de expressão”.
A ironia é escandalosa. O país que mais interferiu militarmente em governos estrangeiros ao longo do século XX e XXI — do Vietnã ao Iraque, do Chile à Líbia — agora se apresenta como guardião da democracia, enquanto ameaça o Brasil por aplicar sua própria Constituição. É o mesmo país que apoiou ditaduras, financiou golpes e patrocinou guerras em nome de interesses geopolíticos e corporativos.
A crítica ao “uso da lei como arma política” soa como um deboche vindo de Washington. Afinal, os EUA não apenas judicializaram a política interna com investigações seletivas, como também sancionaram Moraes por supostas “violações de direitos humanos” — uma acusação que parece mais uma tentativa de intimidar o Judiciário brasileiro do que uma preocupação legítima com direitos civis.
O recado é claro: se o Brasil não se alinhar aos interesses da atual administração americana, sofrerá retaliações. A ameaça velada de sanções e uso de força militar é um atentado à soberania nacional. E o silêncio cúmplice de parte da classe política brasileira diante dessa chantagem internacional é tão preocupante quanto a própria declaração.
O Itamaraty, felizmente, respondeu com firmeza: “As instituições democráticas brasileiras deram sua resposta ao golpismo. Continuaremos a defender a soberania do País de agressões e tentativas de interferência, venham de onde vierem”.
Mas é preciso ir além. O Brasil não pode aceitar que potências estrangeiras determinem os limites da nossa democracia. A condenação de Bolsonaro foi um marco na luta contra o autoritarismo — e qualquer tentativa de deslegitimá-la, seja por meio de tweets diplomáticos ou ameaças militares, deve ser denunciada com veemência.

Caricaturas de Donald Trump fazem a festa em redes sociais por todo o mundo.
Contato
- Atendimento
- (41) 999-555-006
-
Av. do Batel, 1750 – S215
Curitiba – PR