Brasil dividido: o desfile de 7 de setembro revela tensões políticas e sociais
O tradicional desfile de 7 de Setembro, realizado na Esplanada dos Ministérios em Brasília, mais uma vez serviu como palco não apenas para celebrações cívico-militares, mas também para manifestações políticas que revelam um país ainda marcado por divisões profundas. Com o tema “Brasil Soberano”, o evento deste ano buscou exaltar a independência nacional e reforçar a imagem de um governo voltado para os interesses do povo brasileiro.
A cerimônia contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que chegou em carro aberto ao lado da primeira-dama Janja da Silva, sendo recebido por autoridades do Executivo e Legislativo. No entanto, a ausência de figuras importantes como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) chamou atenção e gerou especulações sobre possíveis tensões institucionais.
Além das tradicionais apresentações das Forças Armadas e da Esquadrilha da Fumaça, o desfile incorporou elementos civis e sociais, como a participação de atletas paralímpicos e do personagem Zé Gotinha, símbolo da vacinação infantil. Estudantes também marcaram presença formando a palavra “soberania” com camisetas temáticas, reforçando o tom patriótico e inclusivo da celebração.
Apesar do esforço do governo em promover uma imagem de união e progresso, o clima entre parte do público foi de protesto. Gritos de “anistia zero” ecoaram entre os presentes, em referência aos condenados pelos atos extremistas de 8 de janeiro de 2022, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas e depredadas. A manifestação reflete o desejo de parte da população por responsabilização e justiça, em contraste com setores que ainda pedem clemência para os envolvidos.

Desfile pró soberania em Brasília e bandeira americana no Rio de Janeiro.
Enquanto Brasília comemorava tradicionalmente com desfile, bolsonaristas se reuniam na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, em ato pró-Bolsonaro e em defesa de uma anistia ampla e irrestrita. O evento contou com a presença de figuras como o senador Flávio Bolsonaro e foi marcado por faixas contra o STF e bandeiras dos Estados Unidos. Já em São Paulo, a esquerda se concentrava no centro da capital, na Praça da República, durante o tradicional ato do Grito dos Excluídos, com pautas voltadas à soberania popular e aos direitos dos trabalhadores.
O desfile foi dividido em três blocos temáticos: “Brasil dos Brasileiros”, “COP30 e Novo PAC” e “Brasil do Futuro”, com mensagens voltadas à sustentabilidade, desenvolvimento econômico e inclusão social. O governo também aproveitou a ocasião para reforçar programas como o Pé-de-Meia e a promessa de isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000.
Com segurança reforçada, drones e câmeras monitoraram toda a área do evento, que reuniu milhares de pessoas sob forte esquema de controle. Embora o desfile tenha buscado transmitir uma mensagem de soberania e união, o contraste entre os blocos temáticos e os gritos de protesto evidenciam que o Brasil segue dividido — entre passado e futuro, entre justiça e reconciliação, entre diferentes visões de patriotismo.
O 7 de Setembro de 2025, portanto, não foi apenas uma celebração da independência, mas um retrato fiel das complexidades que permeiam o cenário político e social brasileiro.
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