A ligação de Putin a Lula: um gesto que fala mais alto que palavras
A diplomacia, como se sabe, é feita de gestos. E alguns deles dizem mais do que comunicados oficiais ou discursos em conferências. Foi exatamente isso que aconteceu ontem (18), quando o presidente da Rússia, Vladimir Putin, telefonou para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva poucas horas após se reunir com Donald Trump em uma base militar no Alasca.
A Agência Brasil noticiou o fato com sobriedade, destacando que Putin classificou o encontro com Trump como “positivo” e que reiterou apoio ao Grupo de Amigos da Paz, iniciativa liderada por Brasil e China. Mas o gesto de ligar para Lula logo após conversar com o presidente dos Estados Unidos merece uma leitura mais profunda: trata-se de um sinal diplomático de que Moscou não está satisfeita com a forma como Washington tem tratado o Brasil.
Entre linhas e sinais
Nos bastidores da geopolítica, a ordem dos contatos importa. Putin poderia ter ligado para qualquer outro líder — europeu, asiático, africano. Mas escolheu Lula. E isso não foi por acaso. A Rússia tem observado com atenção o endurecimento da postura americana em relação ao Brasil, especialmente sob o governo Trump, que tem imposto tarifas, feito declarações agressivas e pressionado instituições brasileiras.
Ao se dirigir diretamente a Lula, Putin parece querer dizer: “Estamos atentos. E estamos juntos.” É um gesto de solidariedade, mas também de estratégia. O Brasil, com sua diplomacia ativa e equilibrada, tem se tornado um interlocutor relevante — não apenas para o Sul Global, mas também para potências como Rússia e China.
O erro de Zelensky
Essa valorização do Brasil contrasta com o erro estratégico cometido por Volodymyr Zelensky em setembro de 2024, durante a Assembleia Geral da ONU. Na ocasião, o presidente ucraniano afirmou publicamente que duvidava do “interesse real” do Brasil em mediar a paz e insinuou que o país estaria alinhado à Rússia. A declaração não apenas ignorou o histórico de neutralidade brasileira, como também afastou um dos poucos países com capacidade de diálogo com ambos os lados do conflito.

Vladimir Putin e Lula.
Ao desqualificar o Brasil, Zelensky abriu espaço para que os Estados Unidos assumissem protagonismo nas negociações — e agora se vê diante de dois gigantes disputando os rumos da guerra em seu território. A exclusão do Brasil foi um erro que começa a cobrar seu preço.
O Brasil como ponte
O Grupo de Amigos da Paz, criado por Brasil e China, é uma das poucas iniciativas que propõem uma saída negociada para o conflito entre Rússia e Ucrânia. Enquanto os EUA mantêm uma postura de confronto, o Brasil aposta no diálogo. E essa diferença de abordagem tem conquistado respeito.
Putin, ao reconhecer o papel do grupo e ao compartilhar os bastidores da reunião com Trump, reforça que vê no Brasil um parceiro confiável. Lula, por sua vez, reafirmou o compromisso com a paz e com a diplomacia. O Brasil não está apenas acompanhando os acontecimentos — está ajudando a moldá-los.
Um Brasil fortalecido
Em tempos de polarização global, o Brasil emerge como uma voz ponderada, capaz de dialogar com todos os lados. A ligação de Putin é mais do que um telefonema: é um reconhecimento. E também um recado — aos Estados Unidos, à Europa e ao mundo — de que o Brasil voltou ao centro das decisões internacionais.
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