Trump cria fake news sobre segurança pública
Em mais um episódio de tensão entre retórica política e realidade estatística, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a provocar polêmica ao apresentar dados de violência urbana que contradizem os números oficiais de seu próprio país — e de outros, incluindo o Brasil.
Durante coletiva na Casa Branca nesta manhã, Trump afirmou que Washington D.C. enfrenta uma “crise de segurança sem precedentes”, comparando a capital americana a cidades como Bagdá, Cidade do México e Brasília. Segundo ele, Brasília teria uma taxa de 8 homicídios por 100 mil habitantes, número que, segundo os dados oficiais brasileiros, está inflado.
A realidade brasileira
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, Brasília registrou 6,8 homicídios por 100 mil habitantes em 2024, o menor índice desde 1977, quando a taxa era de 14 por 100 mil. Trata-se de uma conquista histórica, resultado de políticas públicas focadas em prevenção, inteligência policial e integração comunitária.
A diferença entre os dados apresentados por Trump e os números oficiais brasileiros não é apenas uma questão de arredondamento. É uma distorção que, além de desinformar, compromete a credibilidade de análises internacionais sobre segurança pública.
Manipulação como estratégia
Trump também apresentou dados alarmantes sobre outras capitais, como Bogotá e Cidade do México, todos divergentes dos números divulgados por órgãos oficiais e institutos independentes. A estratégia parece clara: criar uma narrativa de caos urbano para justificar medidas de exceção, como o envio da Guarda Nacional a Washington D.C., e reforçar sua imagem de “líder firme contra o crime”.
A prefeita de Washington, Muriel Bowser, reagiu imediatamente, afirmando que os índices de violência estão em queda e que não há justificativa para intervenção federal. “Não estamos em guerra. Estamos em reconstrução”, declarou.

Trump cria fake news e distorce fatos para criar narrativas que justificam seus atos.
O perigo da desinformação oficial
A inclusão de Brasília nessa narrativa alarmista é preocupante. Além de desinformar o público americano, ela compromete a imagem internacional do Brasil e ignora avanços significativos na segurança pública da capital federal. Em um mundo cada vez mais conectado, onde dados circulam com velocidade, a responsabilidade de líderes em apresentar informações precisas é maior do que nunca.
Trump, no entanto, parece seguir uma lógica inversa: quanto mais distorcido o dado, mais útil ele se torna para sustentar sua retórica. E quando a verdade se torna um obstáculo, ela é simplesmente reconfigurada.
Não é a primeira vez
Essa não é a primeira vez que o presidente norte-americano recorre a dados distorcidos para justificar medidas controversas. Recentemente, ao anunciar uma tarifa de 50% sobre as importações brasileiras, Trump alegou que os Estados Unidos enfrentavam um déficit comercial com o Brasil. No entanto, os dados oficiais mostram o oposto: os EUA têm superavit na balança comercial com o Brasil, ou seja, vendem mais do que compram.
A justificativa econômica foi rapidamente desmentida por especialistas e pelo próprio Ministério do Desenvolvimento brasileiro. A medida, segundo analistas, teve forte motivação política, especialmente como forma de protesto contra o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal.
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