Chuvas no Rio Grande do Sul em 2025: destruição se repete com intensidade crescente
O Rio Grande do Sul enfrenta, mais uma vez, uma severa crise climática provocada por chuvas intensas que assolam o estado desde o início da semana. Até esta sexta-feira (20), a Defesa Civil confirmou três mortes, uma pessoa desaparecida, mais de 6 mil pessoas fora de casa e 98 municípios afetados. A situação atual remete a episódios semelhantes vividos em 2024, mas com agravantes que tornam o cenário ainda mais preocupante.
Entre as vítimas fatais está Mauro Perfeito da Silva, de 72 anos, que morreu após uma árvore cair sobre seu carro em Sapucaia do Sul. Outras duas mortes ocorreram em Nova Petrópolis e Candelária, ambas regiões já castigadas por enchentes no ano anterior. Em Santa Tereza, um quarto óbito está sendo investigado, embora inicialmente classificado como acidente de trânsito.
Além das perdas humanas, os impactos sociais são expressivos. Segundo o último boletim da Defesa Civil, 4.011 pessoas estão desalojadas — ou seja, precisaram deixar suas casas e buscar abrigo com familiares ou em hospedagens temporárias — e 2.005 estão desabrigadas, dependendo de abrigos públicos. Mais de 552 pessoas e 125 animais foram resgatados em operações de emergência.
As regiões mais afetadas incluem a Fronteira Oeste, o Vale do Taquari, o Vale do Caí e a Serra Gaúcha. Municípios como Santa Maria, Alegrete, Candelária, Lajeado e Estrela enfrentam alagamentos severos, deslizamentos de terra, destruição de pontes e bloqueios em rodovias. Em Jaguari, a prefeitura decretou estado de calamidade pública, enquanto outras oito cidades já estão em situação de emergência.
A comparação com 2024 é inevitável. Naquele ano, o estado também foi atingido por chuvas volumosas, com acumulados superiores a 300 mm em diversas regiões. Os mesmos rios que transbordaram em 2024 — como o Taquari, Jacuí, Ibicuí e Caí — voltaram a ultrapassar as cotas de inundação em 2025. A cidade de Canoas, por exemplo, revive o temor das enchentes, com milhares de moradores afetados e bairros inteiros isolados.

Imagem mostra efeito de chuvas em Canoas – RS
A diferença mais marcante entre os dois anos, segundo relatos de moradores e autoridades, está na intensidade e na frequência dos eventos extremos. Em Mata, na região central do estado, moradores afirmam que os estragos deste ano superam os do ano passado, com mais residências atingidas e estruturas públicas danificadas. A ponte entre Caxias do Sul e Nova Petrópolis, já fragilizada pelas enchentes de 2024, foi novamente comprometida pela força das águas.
O governador Eduardo Leite declarou que o estado permanece em alerta máximo e que equipes da Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e Brigada Militar estão mobilizadas para atender às ocorrências. Ele também destacou que, embora o volume de chuvas em 2025 seja menor que o registrado em maio de 2024, os danos são potencializados pela saturação do solo e pela fragilidade das infraestruturas já afetadas anteriormente.
Com a previsão de mais chuvas nos próximos dias, especialmente nas regiões da Serra, Missões e Campanha, o estado se prepara para novos desafios. A Defesa Civil mantém alertas ativos e reforça a importância de que a população siga as orientações de segurança, evitando áreas de risco e respeitando os bloqueios viários.
A repetição desse cenário em dois anos consecutivos acende um alerta sobre a urgência de políticas públicas voltadas à adaptação climática, revisão do planejamento urbano e investimentos em infraestrutura resiliente. O Rio Grande do Sul, mais uma vez, mostra que os eventos extremos deixaram de ser exceção — e passaram a ser parte da nova realidade climática brasileira.
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